Depois da tão esperada pergunta, a reposta ainda
mais aguardada: sim!
Aliança na mão esquerda, muita festa e, é claro, a promessa de amor eterno. Agora, vocês são muito mais do que namorados
ou amantes. São cúmplices, finalmente preparados para concretizaram o “felizes
para sempre”. Dizem até que casamento faz bem à saúde, mas, não há como negar,
logo aparecem as primeiras polêmicas (e estresses) da vida conjugal. Sexo,
dinheiro, valores, família, intimidade são capazes de causar uma senhora
reviravolta no casamento.Seria, então, o fim do final feliz? Definitivamente
não. Que seja erno enquanto dure, uma ova!
Que dure, feliz, uma eternidade! Como? Os segredos para um casamento
bem-sucedido estão bem mais perto do que você imagina – logo aí, desvendados
nas próximas linhas.
“O primeiro passo é entender que a intimidade
requer profundidade, mas pouca gente, hoje, se dá o trabalho de sair da
superfície”, explica Sérgio Savian, consultor de relacionamentos e autor
de Amar
vale a pena (Editora Landscape). Talvez por isso
o número crescente de divórcios. “A cultura atual privilegia o conforto, o que
é mais fácil, o que não requer mão de obra, o que é descartável”, explica
Sérgio. E tudo isso, vamos combinar, é o oposto de amar e ser amada. Para
seguir, então, os passos que levam à felicidade matrimonial, é preciso, antes
de tudo, estar disposta a entrar de cabeça na relação conjugal, sem meio ermo. É
oito ou oitenta: ou você vai com tudo ou não vai com nada. Se optou pelo
“tudo”, siga em frente!
A receita da felicidade
Receita
para ter um casamento feliz, não existe. É que nem filho, vem sem bula ou
manual de instrução. Mas, calma, misturando os ingredientes certos é possível
chegar a uma mistura, no mínimo, muito saborosa - e saudável para a vida a
dois.
Não hesite em degustá-la!
Quebre as expectativas
“A felicidade está bastante relacionada com a sua capacidade de ver a realidade
sem julgamentos, sem a contaminação de seus desejos. Para tanto, é fundamental
que você saiba diferenciar o que é real e o que é ilusório. Nesse sentido, o romantismo tradicional não é uma boa opção, pois ele
está baseado em uma visão distorcida do relacionamento”, afirma Sérgio Savian.
Isto é, não crie expectativas. Não pinte, por exemplo, um príncipe encantado
desse ou daquele jeito, carinhoso o tempo todo, com olhos verdes, azuis ou
castanhos, alguns músculos definidos e estrategicamente localizados. “Não
podemos esperar que a pessoa seja exatamente como queremos. O outro é o outro,
fim de papo. Ao invés de esperarmos o que não existe, devemos valorizar o que temos”,
aconselha a psicóloga Ana Maria Zampieri, autora de Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade (Editora Ágora). “Se você não se desfizer das suas
expectativas, corre o risco de sofrer desilusões”, alerta. “Acreditar num
casamento feliz 24 horas por dia também é criar falsas expectativas. É preciso
estar preparada para as crises que virão, porque elas vêm, é natural. O segredo
é justamente saber que problemas com filhos, dinheiro, sexo, desemprego e doenças
podem aparecer, mas que vocês estão preparados para isso e, ao invés de saírem
derrubados da turbulência, vão sair fortalecidos e ainda mais felizes”,
completa.
Uma colher de sopa de investimento
Segundo Sérgio Savian, é comum que o casamento acabe matando o romance. “Você se
acostuma a ver o outro toda hora, tudo é previsível, não há espaço para a
atitude criativa. O amor vai morrendo na praia”, alerta Sérgio. Contra isso, é
preciso cultivar o sentimento com boas doses de criatividade. Segundo a
psicóloga Ana Maria Zambieri, são três os amores a serem cultivados: amor
ágape, filos e eros. “O ágape é o amor dos projetos em comum, da parceria. O
filos é o amor da amizade e o eros é o da sexualidade, é o que apimenta. Em cada
fase da relação, é preciso saber dosar na medida certa cada um desses amores
para haver equilíbrio”, afirma. Entenda que o namoro e o romance não precisam acabar
só porque agora vocês são casados. “Casamento é não só um grande investimento,
mas também uma constante reciclagem de sentimentos”, afirma Ana Maria Zambieri.
Se você não tiver “estratégia”, dificilmente ele vai para frente. Se depois do amor você não sabe por onde começar a
investir, é simples: comece estipulando um tempo diário de dedicação e contato
a dois. “Se um ficar na frente da TV ou só dando atenção aos filhos, isso já indica que o relacionamento do casal está em segundo plano. Ambos precisam
de um tempo e espaço para conviverem e fazerem programas juntos”, recomenda
Oswaldo Rodrigues Jr., psicoterapeuta sexual e diretor do Instituto Paulista de Sexualidade. Ficar em casa, fazer uma boa
comida, ver televisão juntos, alugar um DVD… Tudo isso pode ser uma ótima opção
de investimento no dia-a-dia da relação. Oswaldo Rodrigues recomenda que o casal reserve pelo menos uma noite por semana em casa
só para os dois, quando ambos se comprometem a não assumir nenhum outro
compromisso, para fazerem o que quiserem (inclusive sexo!). Sair também é muito
importante. “Na rua, o casal tem contato com o resto do mundo, encontra outras
pessoas, se enriquece de alguma forma, o que é fundamental, porque
relacionamentos muito fechados tendem a se tornar neuróticos”, garante Sérgio
Savian. Portanto, planejem saídas a dois ao menos nos fins de semana. “Garantam que um sábado e um domingo sejam dedicados
a passeios, viagens e outras atividades a dois”, aconselha Oswaldo Rodrigues.
Além disso, invista em você mesma. Cuide-se, fique bonita e arrumada para o
parceiro e não só para o trabalho, para o curso ou para a saída com as amigas.
Exija o mesmo dele e, a isso tudo, some, ainda, demonstrações de afeto no
dia-a-dia. “Um telefonema, um torpedo, um bilhete na porta da geladeira ou na maçaneta
da porta são atitudes simples, mas que demonstram a importância que você dá à
relação”, diz Oswaldo.
Uma pitada de planos
Os relacionamentos amadurecem e pedem sempre um próximo passo, quer seja uma
reforma na casa, mudanças, filhos, viagens ou novos projetos. “Sem criatividade
e sem planos para o futuro os relacionamentos se tornam muito chatos”, diz
Sérgio Savian. Afinal, novos planos e projetos arejam o cotidiano, reavaliam
necessidades e reformulam constantemente a vida do casal, fazendo com que
lutem, juntos pelos objetivos em comum. “Os planos de vida conjunta é que
permitem, aliás, que um casal viva como um casal, compromissado e sentindo que
são felizes, pois estão buscando e alcançando, juntos, o que querem”, destaca
Oswaldo. “Os planos fazem parte dos sonhos e sem eles não temos porque seguir
em frente. Meu marido e eu queremos, agora, acabar de pagar nosso apartamento
e, depois, planejamos viajar. Queremos fazer um cruzeiro -sem os filhos!”, ri a
arteterapeuta Deborah Araújo, que está para completar 20 anos de casada. Para a
advogada Osmara Nogueira, recordar os bons momentos e programar novas aventuras
é o que dá substância à continuidade do casamento. É conversando que a gente se
entende! Na casa da arteterapeuta Deborah Araújo, conversa é a base de tudo
para um bom relacionamento com o marido e com os filhos. “Minha filha, por
exemplo, está namorando, mas ainda não permitimos que ele ou ela durmam na caso
do outro, então eu e meu marido conversamos a respeito e expomos nossos
conceitos a ela. Quer outro exemplo? Adquirimos um imóvel e estamos apertados
para viajar, como sempre fazíamos. Então, mais uma vez, conversamos e seguramos
a onda”, orgulha-se Deborah. A funcionária pública Elizabeth Kohnert, casada há
24 anos, acredita que são os ajustes e os entendimentos que determinam um
futuro equilibrado no casamento. “Esses ajustes só são obtidos através de muito
diálogo (às vezes umas briguinhas também) até que se chegue a um consenso. Mas,
para chegar lá, é preciso evitar nterferências
externas e palpites sobre a vida do casal”, pondera Elizabeth. “Acho que o meu casamento
dá certo por isso, porque sempre conversamos sobre o que sentimos, evitando
mentir, enganar ou esconder”, evela.
Mas, nesse troca-troca de palavras, a funcionária pública acredita que ouvir
não basta.”. Para que o relacionamento não se desgaste, é preciso reconhecer
seus erros e saber ceder”, garante. Diálogo aberto e transparente é essencial
para um casamento feliz. Nada, porém, de sentar de cinco em cinco minutos para discutir
a relação! O ideal é conversar naturalmente conforme os problemas vão aparecendo,
assumindo o compromisso de não empurrar nada para debaixo do tapete. “Uma hora,
a sujeira acaba aparecendo - e ainda
mais acumulada”, alerta a psicóloga Ana Maria Zambieri. A advogada Osmara
Nogueira, que já foi casada duas vezes, aprendeu que, se estamos frustradas com
alguma coisa, é melhor dizer logo! “Deixar pra depois ou camuflar a frustração
acaba com qualquer relacionamento”, acredita. Para ela, a solução de qualquer problema
passa pela boa e velha conversa. “Franca, aberta, sem medos e sem ofensas,
porque respeito também é fundamental”, completa. “Ah, mas ele deixa a roupa
espalhada pela casa, só quer saber de futebol e não me dá mais atenção.
Cansei!”. Marido acomodado, reclamação válida. Mas, de acordo com a psicóloga
Ana Maria Zambieri, é preciso transformar as queixas em pedidos. “Ao invés de
encher os ouvidos do seu marido com reclamações porque ele não te leva mais ao motel, por
exemplo, peça com carinho para que ele te leve ou peça com delicadeza para que
guarde a roupa. O mesmo vale para o homem que se sentir incomodado com algumas
atitudes da mulher”, diz Ana Maria. Devemos, sim, procurar conversar com o
parceiro e ver o que pode ser mudado, mas, cuidado, não podemos ser egoístas a
ponto de querer transformá-lo em outra pessoa. “É preciso compreender as
fragilidades do parceiro, sem diminuí-lo ou desqualificá-lo. Isso é ter
respeito e é fundamental”, garante a psicóloga. “O dia-a-dia já é tão
grosseiro! Trânsito, poluição, indiferença, violência. Para que viver uma
eterna briga e humilhações? O amor não combina com nada disso. Para cultivá-lo,
é preciso serenidade, delicadeza, tolerância, paciência”, frisa o consultor de
relacionamentos Sérgio Savian. “Penso que se o meu marido não fosse mais
paciente do que eu em várias situações,
nosso casamento não seria tão bem sucedido e feliz”, confessa a funcionária pública
Elizabeth Kohnert. A advogada Osmara Nogueira acha que esse, a impaciência, foi
um de seus erros. Nossa, foram tantos!”,
brinca. “Mas acho que o meu principal erro num casamento foi cobrar perfeição demais
do parceiro, querer que ele faça tudo sempre certo aos meus olhos. Faltou
respeitar as limitações. Como sou uma pessoa muito agitada, acabo me tornando impaciente
e cobrando isso do meu parceiro”, conta Osmara.
Misture bem com privacidade
Cada um precisa ter tempo e privacidade para cuidar das suas coisas e fazer suas
próprias atividades, já que viver a dois não significa se anular. Pelo
contrário! Se a individualidade de cada um não for reservada, o casal certamente terá um prazo de
validade. “Quando há invasão de privacidade e desrespeito à individualidade é porque o casamento já não anda
bem”, acredita a advogada Osmara Nogueira. “Não podemos esquecer que amor não
significa posse, somos livres e devemos continuar assim. Se estamos ao lado de
alguém por pura e espontânea vontade, é porque queremos, mas às vezes a gente
precisa de um tempo sozinha. Tanto a mulher como o marido e isso não significa
que estamos nos afastando um do outro”, completa. Para a arteterapeuta Deborah
Araújo, se há confiança, há privacidade. “Meu marido se encontra com os amigos
uma ou duas vezes no mês e eu também saio com algumas amigas de vez em quando,
sem problemas!”, diz Deborah.
Leve ao forno com afinidades
Quando as diferenças são muito grandes e os valores apontam para direções opostas,
isso pode até ser atraente em um primeiro momento, mas, com o tempo, funciona
muito mais como um gerador de desavenças.
Conviver com alguém muito diferente de você é difícil e estressante. “Costumo
dizer que a paixão gosta de opostos, mas o amor prefere as afinidades”, afirma
Ana Maria Zambieri. Assim, o casal que mais tem chances de ficar juntos e dar
certo é o que tem valores mais próximos.
E cubra com calda de amizade
“Sem amizade o casamento não tem profundidade nenhuma, não existe cumplicidade.
É pela amizade que você compreende a outra pessoa, que você compartilha seus
sonhos, seus conflitos. É pela amizade que você é solidário, que você tolera as
diferenças, aceita o outro como ele é. Sem amizade você não pode construir
relacionamentos verdadeiros”, explica Sérgio Savian.
Quanto você pagaria?
Calma, ser feliz é de graça, mas, antes de ir com tudo em direção à felicidade a
dois, um aperitivo curioso: no rol das pesquisas que buscam desvendar os
fascinantes efeitos do casamento em nossas vidas, um estudo de resultado
intrigante foi realizado este ano por pesquisadores do Dartmouth College, nos
Estados Unidos, e da Warwick University, na Inglaterra: se um casamento feliz
pudesse ser trocado por dinheiro,
concluíram, só uma renda extra de 100.000 dólares por ano poderia produzir
tanta satisfação quanto um casamento bem-sucedido. Mas, sejamos sinceras, há
dinheiro que pague a convivência dos sonhos?
Felicidades!
Fonte: Bolça de Mulher